quinta-feira, 10 de abril de 2014

Qual a diferença entre Gostar e Amar?

Qual a diferença entre simpatizar-se e afeiçoar-se?
Qual a diferença entre gostar e amar?
Qual a diferença entre amor comum e amor espiritual?
Existe uma enorme diferença entre gostar e amar. Gostar não representa nenhum compromisso, amar é compromisso. Por isso as pessoas não falam muito sobre o amor. De facto, a pessoas começaram a falar de amor em contextos que dispensavam o compromisso. Por exemplo, alguém diz: "Amo gelado." Mas como é possível amar um gelado? Você pode gostar, mas não pode amar. Ou outra pessoa diz: "Amo o meu cão, amo o meu carro, amo isto e aquilo."

De facto, as pessoas têm muito, muito medo de dizer a alguém ''Amo-te''. Já ouvi dizer: Um homem namorava uma mulher já há alguns meses. E a mulher, obviamente, esperava, esperava - já faziam amor, mas o homem ainda não lhe tinha dito ''Amo-te''.

Veja a diferença - antigamente as pessoas costumavam "amar-se". Agora "fazem amor". Vê a diferença? Amar-se é estar esmagado pelo amor; é passivo. Fazer amor é quase profano; quase destrói a sua beleza. É activo, como se você estivesse a fazer algo; você está a manipular e a controlar. Hoje as pessoas modificaram a sua linguagem - em vez de usarem "amar-se" usam "fazer amor".

E o homem fazia amor com a mulher, mas nunca lhe dissera uma única vez "Amo-te". E a mulher esperava, esperava, esperava.

Um dia, ele telefonou-lhe e disse-lhe: "Estive a pensar e achei que devia dizer-te. Parece-me que agora chegou o momento. Tenho de te dizer: agora não me posso conter mais." E a mulher ficou arrebatada e manteve-se atenta - pois foi por isto que ela tanto esperara. E ela respondeu: "Diz! Diz!" E o homem disse: "Tenho de te dizer, agora já não posso mais conter-me: Gosto muito de ti."

As pessoas dizem umas às outras "Gosto de ti". Porque não dizem "Amo-te"? Porque o amor é compromisso, envolvimento, risco, responsabilidade. Gostar é momentâneo - eu posso gostar de si agora e posso não gostar amanhã; não apresenta qualquer risco. Quando diz a alguém ''Amo-te'', você assume um risco. Você está a dizer: "Amo-te, amar-te-ei sempre, amar-te-ei amanhã. Podes contar comigo, é uma promessa."

O amor é uma promessa, gostar não tem nada a ver com qualquer promessa. Quando diz a um homem "Gosto de ti" diz algo acerca de si, não acerca do homem. Você diz: "Eu sou assim, eu gosto de ti. Eu também gosto de gelado e gosto do meu carro. Do mesmo modo, gosto de ti." Você está a dizer algo acerca de si.

Quando diz a alguém "Eu amo-te" está a dizer algo acerca dela e não acerca de si. Você está a dizer "És encantadora'. A seta aponta para o outro. E então há perigo - você está a fazer uma promessa. O amor tem uma qualidade de promessa associada, compromisso e envolvimento. E o amor tem algo de eternidade em si. Gostar é momentâneo; gostar não apresenta riscos, nem responsabilidades.

Você pergunta-me: Qual a diferença entre simpatizar e afeiçoar-se, gostar e amar? Qual a diferença entre o amor comum e o amor espiritual?

Gostar e amar são diferentes, mas não existe diferença entre o amor comum e o amor espiritual. O amor é espiritual. Nunca encontrei amor comum: comum é gostar. O amor nunca é comum - não pode ser, é intrinsecamente extraordinário. Não é deste mundo.

Quando diz a uma mulher ou a um homem ''Amo-te'' está simplesmente a dizer "Eu não posso ser enganado pelo teu corpo, eu vi-te. O teu corpo pode envelhecer, mas eu vi o teu eu incorpóreo. Eu vi o teu âmago, o teu núcleo que é divino". Gostar é superficial. O amor penetra e alcança o verdadeiro núcleo da pessoa, toca a verdadeira alma do indivíduo.

Nenhum amor é comum. O amor não pode ser comum, de outro modo não é amor. Designar o amor como comum é não entender todo o fenómeno de amar. Esta é a diferença entre gostar e amar: gostar é material, amar é espiritual.

Osho..

3 comentários:

Douglas Silva disse...

Olá Chandra, tudo bem?

gostei muito do texto e gostaria de expressar meus pensamentos sobre o tema!
sinto que as pessoas estão cada vez mais centradas no ego, no prazer material e em satisfazer suas necessidades superficiais. Atualmente parece que cada vez mais as pessoa só reconhecem a existência da carne e do osso, desta cobertura frágil, limitada e finita, e se esquecem do essencial e infinito que é o espirito.
Creio que seja por isso que a palavra amor se tornou tão banalizada ultimamente, ou seja, por se afixar e gostar tanto do material o ser humano está cada vez mais empregando de forma equivocada o verbo amar as coisas superficiais e passageiras da vida, seja a objetos e prazeres do cotidiano ou então a relacionamentos superficiais.
Há muito tempo o ser humano vem deixando de reconhecer e saudar o Deus que habita no outro, e junto a essência do verdadeiro amor vem se perdendo. Entendo que no verdadeiro amor exista cumplicidade, respeito e uma ligação tão profunda e especial entre duas pessoas que faz de cada momento juntos uma experiência tão única e especial que permeia o tempo como se fossem pegadas na areia. Quando de fato amamos, eu sinto que as coisas que julgamos as mais simples, como um olhar, um sorriso, um toque ou um beijo por exemplo, se tornam tão ou mais valiosos e marcantes do que uma própria transa em si.
Espero que o ser humano se reencontre, e consiga rasgar este véu (ego) que o cega e o ilude e assim desvendando e revelando a verdadeira natureza do ser e do espirito que habita em si.

Grande abraço e Namastê,
Douglas Silva.

Chandra Veeresha disse...

Namasté querido!
Gratidão por compartilhar do seu ponto de vista.
Pensemos no amor como sendo apenas "amor", nem verdadeiro, nem falso, nem fraternal, nem de homem e mulher, apenas como amor. A humanidade passa por uma fase em que dá nome a tudo e realmente esqueceu como deixar o sentimento fluir. Por isso o Tantra tem muita importância nessa era. A mente e o ego estão muito latentes e com isso, a essência sendo dominada por eles qundo, na verdade a mente e o ego é que devem estar sob controle do SER;a serviço do SER. Quando isso acontece, o amor simplesmente aflora...O tantra ensina o "como". O Tantra aponta o caminho, orienta, seduz e mostra que é muito mais fácil do que se imagina, basta um sincero querer.

beijo no seu coração
hari ommm!

Chandra Veeresha disse...

Namasté querido!
Gratidão por compartilhar do seu ponto de vista.
Pensemos no amor como sendo apenas "amor", nem verdadeiro, nem falso, nem fraternal, nem de homem e mulher, apenas como amor. A humanidade passa por uma fase em que dá nome a tudo e realmente esqueceu como deixar o sentimento fluir. Por isso o Tantra tem muita importância nessa era. A mente e o ego estão muito latentes e com isso, a essência sendo dominada por eles qundo, na verdade a mente e o ego é que devem estar sob controle do SER;a serviço do SER. Quando isso acontece, o amor simplesmente aflora...O tantra ensina o "como". O Tantra aponta o caminho, orienta, seduz e mostra que é muito mais fácil do que se imagina, basta um sincero querer.

beijo no seu coração
hari ommm!